Esta espécie de blog é na realidade um fórum de discussão sobre o que a revolução que se pretende (ou não) no sistema educativo português.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

1. Avaliação externa

A questão que coloco aqui não é de decidir sobre a existência ou não de avaliação externa, ainda que claro está, como em todas as questões, esteja aberto a qualquer tipo de resposta. Para mim, no entanto, parece-me evidente a necessidade de uma avaliação externa à escola. A periodicidade, os efeitos dessa avaliação, o seu âmbito e os seus destinatários é que serão as questões a resolver. E principalmente, que “mandato” terá esta avaliação externa, ou seja, qual a sua função.

Assim sendo, queiram dizer de vossa justiça: 

Avaliação aos professores ou à escola como um todo? Quando? Que consequência haverá a retirar da mesma? Quem faz esta avaliação? O avaliador exterior deverá olhar ao quê e, se possível explicar, como?

6 comentários:

  1. Uma cultura de exigência verdadeira, na minha opinião, não pode ser baseada em processos estandardizados, mas sim nos resultados que cada organização consegue obter. Por isso, sou partidário da ideia de apontar os holofotes a uma perspectiva "sistémica" da escola, em vez de os ter apontados aos professores individuais.
    Gosto do conceito de gestalt - o todo é maior que as parte - e penso que se aplica a equipas de profissionais, incluindo, mas não só, as escolas. Quem quiser ser sério em melhorar os resultados escolares (reais!! não os estatísticos..) deste país, tem de agir assim.
    Se cada escola for alvo de uma avaliação/inspecção regular, e se os resultados dessa avaliação forem claros, transparentes e abertos à comunidade, então, que se siga desse ponto para baixo, em cascata - e até as cotas me parecem menos ofensivas.
    Mas não se pode começar por baixo, e ignorar a questão da avaliação das escolas.
    Se por outro lado, a avaliação externa é uma forma de financiar empresas privadas pseudo-especializadas que vão para dentro de cada escola "auditar" o trabalho para dar "notas" aos professores, então concordo menos. Por isso, acho que o avaliador externo deve ir à escola procurar perceber que processos esta tem implementada para dar a melhor educação possível, só isso, e já é muito, sendo que deveria SEMPRE terminar essa avaliação com sugestões de melhoria, claro.

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  2. Já existe avaliação externa das escolas feita pela IGE.

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  3. Pois já Daniel. Mas essa avaliação é ainda esporádica e muito pouco pública. O jornal Público, no ano passado, ainda comparou algumas avaliações do IGE com os rankings de resultados dos exames, e a comparação foi curiosa, mesmo muito curiosa.
    No entanto, as avaliações do IGE, apesar de públicas, são muito pouco conhecidas e a cultura da comunidade educativa (tanto professores como ee's) é ligar-lhe pouco ou nada.

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  4. A avaliação das escolas deverá ocorrer periodicamente, por exemplo, de 5 em 5 anos. Essa avaliação servirá para detectar pontos positivos e dificuldades, devendo propor e não impor soluções. A sua utilização como forma de pressão deve ser evitada, e, pelo contrário, as escolas incentivadas a procurar caminhos próprios, adaptados à sua realidade. É a partir da diversidade de respostas educativas que poderemos gradualmente seleccionar quais as que melhor funcionam.
    A entidade responsável pela avaliação externa, quer das escolas, quer dos professores não deveria ser a IGE, conotada visceralmente com uma função inspectora, mas sim o GAVE.
    O excelente é inimigo do bom, e o bom inimigo do razoável. Avaliar externamente todos os professores e classificá-los em 5 níveis, se se quiser fazê-lo rigorosamente, é muito caro, e a relação custo/benefício duvidosa. Assim seria mais ajustado submeter a avaliação externa apenas os professores que em resultado da avaliação interna tenham sido classificados com um insuficiente ou um muito bom. Esta avaliação externa anularia o argumento utilizado para justificar as cotas, por um lado, e por outro defenderia os professores de classificações injustas motivadas por “perseguições” ou outras razões mais ou menos obscuras.

    João

    P.S. A minha escola já foi submetida a avaliação externa e na minha perspectiva a avaliação da avaliação deixa muito a desejar.

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  5. Mas afinal, a avaliação externa devia ser para todos aos professores ou no geral para as escolas? É impossível financeiramente ter uma "PIDE" central que vá visitar cada um dos 120 mil professores. É impossível que os professores aceitassem isso de bom grado. É impossível que esses inspectores estivessem com cada professor tempo suficiente para produzir informação fidedigna e relevante.

    Se o problema do João é que a avaliação externa deixa muito a desejar, melhore-se a avaliação externa. Ou como é má desiste-se dela e inventa-se outra coisa nova que nunca foi testada?? Não é que não concorde com a ideia dos insuficientes e dos muito bons serem verificados por gente de fora. (Mas acho que isso acabava com os muito bons e os excelentes, porque quem avaliasse nas escolas não os dava para não ter a visita do sr inspector)

    Primeiro, se querem seriedade, descubram, em cada escola, qual é o problema dessa escola. Na minha, o problema é que o CE sempre foi elitista, e continua a agir como se dirigisse uma instituição de excelência no tempo do Salazar, mas o bairro e os miúdos já são outros. E para este CE, quem tem de mudar é a sociedade toda, não eles.

    Se todos os professores sempre tiveram "Satisfaz" é porque os executivos davam "Satisfaz" a toda a gente, porque nunca viram o seu pescoço na cepa. Não há avaliação da raia miúda que vá alterar isto.

    Irene

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  6. Irene,
    concordo com a primeira parte do comentário. A avaliação externa não pode ir a cada sala de aula, por isso tem de se reportar à escola como um todo.

    Mas não concordo com a última parte da leitura, ou melhor, concordo em parte. Os Conselhos Executivos sempre tiveram o pescoço na cepa sim senhora. Eram orgãos eleitos pelos pares, e caso pretendessem continuar teriam de ganhar novas eleições e portanto manterem-se "de bem" com o resto dos professores.
    Isto é ter o pescoço na cepa, da mesma forma que os políticos o têm. Pode-se dizer, no entanto, que na esmagadora maioria dos casos, os CE's são representantes fidedignos dos professores e daquilo que eles, em voto, quiseram.

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